
Na última madrugada, após um longo dia de deliberações, Manoel Mariano de Sousa Filho, conhecido como Júnior do Nenzim, foi condenado a 16 anos de reclusão em regime fechado. Essa decisão foi proferida pelo júri popular no Fórum Desembargador Sarney Costa, em São Luís, em relação ao assassinato de seu pai, o ex-prefeito de Barra do Corda, Manoel Mariano de Sousa, o Nenzim.
A condenação foi sustentada pelas evidências apresentadas pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA), que identificaram Júnior como o principal autor do crime. Durante a sessão, o promotor de Justiça, Raimundo Benedito, ressaltou que “só estavam os dois na cena do crime, e é impossível que ele não tenha visto ninguém se aproximar”. Após a sentença, Júnior foi encaminhado ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas para iniciar sua pena sem chance de recorrer em liberdade.

O tribunal ouviu sete testemunhas, e Júnior foi interrogado por aproximadamente duas horas, permanecendo firme em sua defesa e negando qualquer envolvimento na morte do pai. A defesa argumentou sobre possíveis falhas nas investigações, mas essa linha de raciocínio não convenceu os jurados.
Em termos de motivação, as investigações indicam que o assassinato ocorreu no dia 6 de dezembro de 2017, na zona rural de Barra do Corda, distante cerca de 341 km de São Luís. No momento do incidente, Nenzim foi atingido com um tiro no pescoço, e, conforme apurado pela Polícia Civil, apenas ele e Júnior estavam presentes no local do crime. Relatórios apontam que Júnior estaria roubando gado do pai para quitar dívidas com agiotas, e com o objetivo de evitar conflito e ocultar os furtos, ele teria concebido e executado o homicídio.
A conduta de Júnior se tornou ainda mais suspeita quando se constatou que, após o disparo, o veículo em que ele e o pai estavam não seguiu diretamente para o hospital. Imagens de câmeras de segurança documentaram a caminhonete circulando pela via principal do condomínio onde ocorreu o crime. “A perícia revelou que o tiro foi disparado a cerca de 20 centímetros da vítima”, observou o promotor Raimundo Benedito. “Isso contraria totalmente a versão do réu, que afirmou não ter visto ninguém se aproximar”, adicionou.
O julgamento, originalmente agendado para outubro de 2023, foi prorrogado por solicitação do Ministério Público, que pretendia incluir no processo o vaqueiro Luzivan Rodrigues da Conceição Nunes, alegadamente o atirador. Contudo, o MP optou por desmembrar o caso, e Luzivan será julgado separadamente em 9 de julho.
A morte de Nenzim gerou grande comoção em Barra do Corda e repercutiu amplamente no cenário político do Maranhão. Ele foi assassinado enquanto estava no carro com Júnior, e inicialmente, falava-se na existência de dois suspeitos em uma motocicleta. Essa hipótese, no entanto, foi afastada por laudos periciais. Após a prisão, Júnior permaneceu quase dois anos preso, e obteve liberdade provisória com o uso de tornozeleira eletrônica, enquanto aguardava o julgamento. Mais de 20 testemunhas foram ouvidas durante a investigação, e com base em toda a documentação acumulada, o Ministério Público denunciou Júnior por homicídio qualificado. A condenação traz um novo desfecho a um caso que se prolongava por quase sete anos, agora com a execução da pena. O julgamento de Luzivan pode revelar novos aspectos sobre a execução do crime, prometendo mais desdobramentos a seguir.





