• 15 anos da morte do Papa João Paulo II, um missionário de fé e amor.

    SanJuanPabloII_LOsservatoreRomano_310317O dia 2 de abril é um dia marcante para os católicos, marca o fim de uma jornada de missão e evangelização daquele que foi considerado um dos grandes pacificadores, falamos do Papa João Paulo II.

    Foi no dia 2 de abril de 2005 que faleceu, aos 85 anos, o Papa João Paulo II, papa e chefe da Igreja Católica de 16 de outubro de 1978 até à data de sua morte.

    João Paulo marcou várias gerações e teve o terceiro maior pontificado documentado da história, liderando por 26 anos, 5 meses e 17 dias, depois dos papas São Pedro, cujo pontificado durou cerca de 37 anos, e Pio IX, que liderou por 31 anos. João Paulo foi o único Papa eslavo e polaco até a sua morte, e o primeiro Papa não italiano desde o neerlandês Adriano VI, em 1522.

    ULTRAGAZ CURURUPU
    ULTRAGAZ CURURUPU

    João Paulo II foi aclamado como um dos líderes mais influentes do século XX. Teve um papel fundamental para o fim do regime comunista na Polônia e talvez em toda a Europa, bem como significante na melhora das relações da Igreja Católica com o judaísmo, Islã, Igreja Ortodoxa, religiões orientais e a Comunhão Anglicana.

    Foi um dos líderes que mais viajaram na história, tendo visitado 129 países durante o seu pontificado. Sabia se expressar em italiano, francês, alemão, inglês, espanhol, português, ucraniano, russo, servo-croata, esperanto, grego clássico e latim, além do polaco, sua língua materna. João Paulo morreu devido à sua saúde fragilizada e o agravamento da doença de Parkinson.

    Em 27 de abril de 2014, numa cerimônia inédita presidida pelo Papa Francisco, e com a presença do Papa Emérito Bento XVI, foi declarado Santo juntamente com o Papa João XXIII; sua festa litúrgica celebra-se no dia 22 de outubro.

    Após 15 anos da morte de João Paulo II, o Site do Vatican News conversou com o cardeal Angelo Comastri, vigário geral do Papa para o Estado da Cidade do Vaticano, para nos falar sobre o ensinamento que o Papa polonês pode nos dar nos dias de hoje. João Paulo travou um alonga batalha com a doença oferecendo um extraordinário testemunho. O que João Paulo II pode nos oferecer a vida e o exemplo neste dramático contexto de emergência por causa do Coronavírus?

    Segundo o Cardeal Comastri, o avanço da epidemia, o aumento do número de contagiados e o boletim diário com o número de mortes encontrou uma sociedade impreparada e colocou à luz o rosto espiritual de muitas pessoas. O jornalista Indro Montanelli, pouco antes de falecer, fez uma declaração lúcida e honesta: “Se devo fechar os olhos sem saber de onde venho e para onde vou e o que vim fazer nesta terra, valeria a pena ter aberto os olhos? Esta é minha declaração de fracasso!”. Estas palavras do jornalista Montanelli demonstram a situação de uma parte da sociedade atual. Também por isso, a epidemia assusta: porque para muitas pessoas a fé já se apagou. João Paulo II era um crente, um crente convicto, um crente coerente e a fé iluminava o caminho da sua vida.

    O cardeal afirma, que João Paulo II sabia que a vida é uma caminhada na direção da Grande Festa: a Festa do abraço de Deus, o Infinitamente Feliz. Mas devemos nos preparar para o encontro, devemos nos purificar para estarmos prontos para o encontro, temos que eliminar as reservas de orgulho e de egoísmo que estão em nós, para poder abraçar Aquele que é Amor sem sombras. João Paulo II vivia o sofrimento com este espírito. E mesmo nos momentos mais difíceis (como o do atentado) nunca perdeu a serenidade. Por quê? Porque tinha sempre diante de si a meta da sua vida. Hoje são poucos os que acreditam na meta da vida. Por este motivo vivem a dor com desespero: porque não veem nada além da dor.

    A dor, sem dúvida, causa medo a todos, mas quando se é iluminado pela fé, ela se torna um desbastamento do egoísmo, das banalidades e das futilidades. E tem mais. Nós cristãos vivemos a dor em comunhão com Jesus Crucificado: agarrados a Ele, preenchemos a dor com o Amor e o transformamos em uma força que contesta e vence o egoísmo ainda presente no mundo. João Paulo II foi também um verdadeiro mestre da dor redimida pelo Amor e transformada em antídoto do egoísmo e em redenção do egoísmo humano. Isso só é possível abrindo o coração a Jesus: só com Ele se entende e se valoriza a dor.

    Este ano, por causa da emergência atual, teremos uma Páscoa “inédita” por causa das medidas impostas contra o contágio. A última Páscoa de João Paulo II também foi marcada pela doença e pelo isolamento. Ainda assim deixou a todos uma lembrança inesquecível. Que ensinamentos podemos obter da última Páscoa de João Paulo II, considerando o que acontece hoje?

    Sinspumuc
    Sinspumuc

    Segundo o cardeal, todos recordamos da última Sexta-feira Santa de João Paulo II. A cena que vimos pela televisão foi inesquecível: o Papa quase sem forças, segurando o Crucifixo em suas mãos, olhava-o com amor total e se intuía que dizia: “Jesus, eu também estou na cruz, mas junto contigo espero a Ressurreição”. Todos os santos viveram assim. Limito-me a recordar de Benedetta Bianchi Porro, que ficou cega e surda e paralisada por causa de uma grave doença e morreu serenamente em 24 de janeiro de 1964. Pouco tempo antes, teve a força de ditar uma maravilhosa carta para um jovem com deficiência e desesperado que se chamava Natalino. Eis o que saiu do coração de Benedetta: “Querido Natalino, como você, tenho 26 anos. O leito é a minha morada. Há alguns meses estou também cega, mas não desesperada, porque sei que no fim do caminho Jesus me espera. Querido Natalino a vida é uma passarela que atravessamos rapidamente: não construímos nossa casa sobre uma passarela, mas a atravessamos segurando a mão de Jesus para chegar à Pátria” João Paulo II seguia este tipo de pensamento.

    Lado a lado como fizeram por muitos anos servindo João Paulo II. O antigo mestre das celebrações litúrgicas e o cerimoniário pontifício. A cena solitária, mas cheia de sentimentos, foi a imagem capturada pelo fotógrafo no altar do túmulo do Papa Wojtyla que se encontra na Capela São Sebastião dentro da Basílica de São Pedro. Aqui o cardeal Krajewski e o arcebispo Piero Marini concelebraram uma Missa pelo 15º aniversário da morte do Papa polonês. Mons. Marini foi chefe do Departamento das Celebrações Litúrgicas, e a partir de 1998, o atual Esmoleiro do Papa, serviu ao seu lado, no mesmo Departamento.

    Intercessão de São João Paulo II

    Na quarta-feira (01) por ocasião da Audiência Geral, o Papa Francisco enviou uma saudação especial aos peregrinos poloneses ao recordar o aniversário da morte de São João Paulo II: “Nestes dias difíceis o homem de hoje vê os ‘sinais da morte’ presentes na civilização e vive cada vez mais com medo, ameaçado no núcleo de sua existência. Nestes dias difíceis, os seus pensamentos corram para Cristo: saibam que vocês não estão sozinhos. Ele os acompanha e nunca decepciona. Confiem na Sua Misericórdia Divina e na intercessão de São João Paulo II”.

    João Paulo tem uma história de lutas e perseverança.

    João Paulo II nasceu em Wadowice, na Polônia, em 18 de maio de 1920. Era o caçula dos três filhos de KarolWojtyla, um suboficial do exército, e Emília Kaczorowska. Sua irmã, Olga, morreu antes de seu nascimento. Sua mãe faleceu quando ele tinha 9 anos. Depois faleceu seu irmão Edmund, médico, quando Karol tinha 12 anos. E, aos 21 anos de idade, com o falecimento de seu pai, ele ficou sozinho no mundo.

    Vocação sacerdotal

    A partir de 1942, sentindo a vocação para o sacerdócio, começou a estudar no seminário clandestino na cidade de Cracóvia, dirigido pelo arcebispo Adam Stefan Sapieha. Após a II Guerra Mundial, continuou seus estudos no seminário maior de Cracóvia, novamente aberto, e na faculdade de teologia da universidade Jagellonica. Foi ordenado sacerdote em 1 de novembro de 1946, pelo arcebispo Sapieha.

    Em seguida foi enviado a Roma, onde se tornou Doutor em teologia em 1948. Voltou a Cracóvia sendo vigário em diversas paróquias e, em 1953, passou a lecionar Teologia Moral e também Ética Social, ambos na faculdade de Teologia de Lublin.

    Em 4 de julho de 1958 foi nomeado bispo titular de Olmie, também, auxiliar de Cracóvia. Assim, recebeu a consagração episcopal no dia 28 de setembro de 1958. E no dia 13 de janeiro de 1964 foi nomeado arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que o fez Cardeal em 26 de junho de 1967.

    O Cardeal Wojtyla participou ativamente do Concílio Vaticano II, que aconteceu nos anos 1962-1965. Ele teve importante atuação no desenvolvimento de um dos principais documentos do Concílio chamado Constituição GaudiumetSpes. Além disso, ele tomou parte em cinco Sínodos Episcopais antes de serpapa.

    Pontificado de João Paulo II

    KarolWojtyla foi eleito papa no dia 16 de outubro, no ano 1978. Ele tinha 58 anos. Ele escolheu como nome papal João Paulo II. Ele foi o 263º sucessor de São Pedro. Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história, durando quase 27 anos. João Paulo II exerceu sua missão de maneira incansável e um grande espírito evangelizador. Realizou 104 viagens apostólicas fora da Itália e 146 no interior do país. Visitou 317 das 333 paróquias romanas.

    Mais do que todos os seus predecessores, ele se encontrou com o povo de Deus e com centenas de líderes nacionais. Mais de 17 milhões de peregrinos participaram de 1166 Audiências Gerais celebradas na quarta-feira. Foram 38 visitas oficiais a chefes de governo, 738 audiências ou encontros chefes de estados e 246 encontros com Primeiros Ministros.

    Ele deu início às Jornadas Mundiais da Juventude em 1985, e os encontros mundiais das famílias em 1994.

    João Paulo II fez questão de promover o diálogo entre representantes de outras religiões e judeus. Ele convocou encontros de oração pela paz, realizados especialmente na cidade de Assis.

    Sob seu pontificado, a Igreja entrou no terceiro milênio com a celebração do Grande jubileu do Ano 2000.

    João Paulo II realizou numerosas cerimônias de beatificação e canonização para mostrar exemplos de santidade nos dias de hoje. Ele celebrou 147 cerimônias de beatificação em que proclamou 1338 beatos, e 51 canonizações, com 482 novos santos. Ele escreveu como papa,15 exortações apostólicas, 14 encíclicas e ainda 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas. Além disso, escreveu 5 livros.  Promulgou o Catecismo da Igreja Católica, promoveu a reforma do Código de Direito Canônico, a reforma no Código das Igrejas Orientais e a grande reorganização da Cúria Romana.

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