
O Vaticano deu um passo importante rumo à possível canonização de uma figura muito querida no interior da Bahia. Maria Milza dos Santos Fonseca, conhecida como “Mãezinha de Itaberaba”, foi oficialmente reconhecida como “Serva de Deus” — o primeiro título concedido pela Igreja Católica no processo de beatificação.
Natural do povoado de Alagoas, no município de Itaberaba, Maria Milza nasceu em 15 de agosto de 1923 e faleceu em 2001. Agricultora e mulher de fé profunda, ficou conhecida por sua vida de oração, caridade e pelo acolhimento aos mais necessitados. Diversos relatos populares atribuem a ela graças e curas, o que levou ao crescimento da devoção popular em torno de sua memória.

O reconhecimento do título veio após solicitação da Diocese de Ruy Barbosa, que agora poderá instalar oficialmente um tribunal eclesiástico para investigar a vida, virtudes e supostos milagres atribuídos à intercessão de Maria Milza.
Esse é o primeiro estágio de um longo caminho que pode levar à sua beatificação e, futuramente, à canonização — quando passará a ser oficialmente considerada santa pela Igreja Católica.
O avanço do processo é uma conquista marcante para os fiéis da Bahia, especialmente os que, há décadas, mantêm viva a devoção à Mãezinha de Itaberaba. O reconhecimento do Vaticano reforça o papel transformador da fé popular no Brasil e traz esperança à comunidade que acredita no legado de santidade deixado por Maria Milza.
Os milagres atribuídos a Maria Milza
Mesmo antes do início oficial do processo de beatificação, Maria Milza dos Santos Fonseca já era considerada por muitos como uma mulher de dons espirituais e intercessora poderosa. Diversos fiéis relatam curas e graças alcançadas após orações feitas por ela ou por sua intercessão, consolidando sua fama de santidade na região de Itaberaba.
Entre os milagres mais mencionados por devotos estão:
Curas físicas inexplicáveis: relatos incluem casos de pessoas com doenças consideradas incuráveis ou difíceis de tratar, como feridas crônicas, problemas de mobilidade e hemorragias, que teriam sido curadas após contato com Maria Milza ou após orações dirigidas a ela.
Visão de Nossa Senhora das Graças: em 1950, Maria Milza teria presenciado uma aparição da Virgem Maria sob um umbuzeiro. O local tornou-se ponto de peregrinação e foi erguido ali um santuário, que ainda hoje recebe fiéis em busca de milagres.
Conversões e bênçãos familiares: há também testemunhos de pessoas que, após momentos de oração com Maria Milza, relataram restauração de lares, superação de vícios e transformações espirituais profundas.
Todos esses relatos são considerados elementos importantes no processo de beatificação, mas só poderão ser oficialmente reconhecidos como milagres pela Igreja após investigação minuciosa, que envolve comprovação médica e testemunhos documentados.
Maria Milza dos Santos Fonseca e Santa Dulce dos Pobres, apesar de viverem em realidades diferentes, representam duas expressões fortes da fé cristã no Brasil — especialmente na Bahia. Ambas dedicaram suas vidas aos mais necessitados e são reconhecidas pela devoção popular e pelo serviço silencioso, mas transformador.
Maria Milza e Irmã Dulce: duas mulheres baianas movidas pela fé e caridade
Maria Milza dos Santos Fonseca
Nascimento: 15 de agosto de 1923 – Itaberaba (BA)
Falecimento: 28 de maio de 2001
Reconhecimento: “Serva de Deus” – título concedido pelo Vaticano em 2025
Missão: Agricultora e mulher simples, conhecida como “Mãezinha de Itaberaba”, acolhia os pobres, doentes e aflitos com oração, aconselhamento e fé.
Devoção popular: Cresceu com relatos de curas e milagres atribuídos à sua intercessão.
Atuação: Em sua própria casa, com humildade e proximidade com o povo.
Santa Dulce dos Pobres (Irmã Dulce)
Nascimento: 26 de maio de 1914 – Salvador (BA)
Falecimento: 13 de março de 1992
Canonização: Tornou-se santa em 2019, reconhecida oficialmente pela Igreja Católica
Missão: Religiosa católica que fundou instituições de saúde e assistência social, cuidando dos mais pobres e doentes abandonados.
Devoção popular: Conhecida como “Anjo bom da Bahia”, teve sua santidade reconhecida mundialmente.
Atuação: Organizada, estruturada, com obras sociais de grande alcance.
O que as une
Ambas baianas e atuantes em regiões carentes.
Vidas marcadas pela caridade, simplicidade e fé.
Reconhecimento do povo antes mesmo do reconhecimento oficial da Igreja Símbolos da espiritualidade popular brasileira





