Professor, cantor e militante cultural, Nonato Amorim faleceu após se apresentar durante o São João; sua trajetória deixa um legado inesquecível para Bacuri e todo o litoral maranhense.

Bacuri (MA) – A cidade de Bacuri e toda a região do litoral ocidental maranhense amanheceram de luto neste domingo (24), com a notícia do falecimento de Raimundo Nonato Amorim Costa, carinhosamente conhecido como “Nonatinho”. Professor, ativista político, promotor cultural e figura marcante nos movimentos artísticos da região, Nonato morreu na Santa Casa de Cururupu, após passar mal logo após se apresentar no tradicional Boi de Orquestra Novilho dos Guarás, no município de Apicum-Açu.
Ícone da cultura popular maranhense
Nonato Amorim era reconhecido pela sua paixão e dedicação à cultura popular. Cantor, compositor e militante ativo, integrava o grupo folclórico Boi de Orquestra Novilho dos Guarás, com o qual se apresentava em diversos municípios durante as festividades juninas.

Na noite de sábado (23), Nonato brilhou mais uma vez nos palcos, com apresentações em Bacuri e Apicum-Açu. De maneira simbólica e comovente, ele se despediu do público com as palavras:
“Hoje é minha noite de brilhar, hoje é minha noite de me eternizar.”
Pouco depois, durante a última toada — uma homenagem ao saudoso Jorge Cunha — Nonato passou mal e caiu no palco. Foi socorrido, levado ao hospital, mas infelizmente não resistiu.
Despedida marcada por homenagens e emoção
O corpo foi velado na Praça São Sebastião, em Bacuri, com missa de corpo presente e homenagens culturais que refletiram sua trajetória. Tambor de crioula, bumba-meu-boi com batizado e outras manifestações culturais fizeram parte do adeus ao artista, educador e defensor da cultura regional.
Legado reconhecido por autoridades e amigos
O falecimento de Nonato comoveu autoridades e companheiros de caminhada cultural. O prefeito de Apicum-Açu, Cláudio Cunha, expressou sua tristeza:
“Nonato foi um grande amigo, um homem de cultura, que amava o que fazia. Morreu fazendo aquilo que mais amava: cantar e valorizar nossa cultura.”
O professor e amigo Adiel Fonseca (Balaio) também prestou tributo:
“Éramos jovens com sonhos de uma sociedade inclusiva. Nonato era uma referência, um ser iluminado. Seu legado é de resistência, alegria e genialidade cultural.”
Outro amigo e conterrâneo, Josenilson Ferreira, fez um relato emocionado:
“Nonato era um professor exemplar, um ativista político corajoso e um homem de fé. Ele sempre dizia que ‘ninguém morre, a gente se eterniza na história’. E ele conseguiu isso.”
Uma vida dedicada à educação, à política e à fé
Nonato Amorim era professor por vocação, com formação em nível de mestrado, e respeitado por alunos e colegas. Na política, atuava em defesa das causas populares e acreditava que “Bacuri merece o melhor”. Também era um católico fervoroso, devoto de São João Batista — e, com ironia do destino, faleceu exatamente no dia do padroeiro da cidade, após se apresentar na véspera, diante de sua comunidade.
Mesmo tendo divergências políticas, Nonato foi respeitoso até o fim. Na noite anterior à sua morte, subiu ao palco e, com elegância, elogiou a organização do São João, reconhecendo o trabalho do gestor municipal.
Nonato Amorim Costa se eterniza como símbolo de resistência cultural, educacional e social no Maranhão. Seu nome permanecerá vivo na história de Bacuri e de toda a cultura maranhense.





