Na noite em que a cultura preta brilhou mais forte, nossa equipe acompanhou de perto o trabalho grandioso do Boi Encanto Serranense, que foi uma das maiores sensações da temporada junina no Maranhão. Com o tema “Serrano, África Brasileira”, o grupo levou ao público uma homenagem poderosa à ancestralidade, aos quilombos e à força cultural do povo negro serranense.
O presidente e fundador do grupo, o jovem Valdson Luz, de apenas 30 anos, conduziu a apresentação com emoção e orgulho. Ele destacou que a entidade mantenedora do projeto é a Associação Cultural e Espiritual Ilê de Oxalá, que tem como missão manter viva a essência da cultura afro-maranhense.
“Esse ano o Encanto Serranense homenageou Serrano, terra de negro, celebrando os quilombolas, as casas de farinha crioula, toda essa tradição que vive nos territórios quilombolas. E não é à toa: Serrano é hoje considerada a cidade mais preta do Brasil”, declarou Valdson com firmeza.
Mais que Boi: Uma Escola de Cultura Popular
O Boi Encanto Serranense vai muito além das apresentações nos arraiais. É um projeto de formação, inclusão e transformação social, que funciona mesmo diante de muitas dificuldades. Em locais muitas vezes carentes de estrutura, o grupo se torna espaço de acolhimento e aprendizado para crianças, adolescentes e adultos.
Nas oficinas formativas, os participantes aprendem técnicas de bordado, costura, pintura, dança e música, produzindo as indumentárias que brilham nos palcos, mas também reconstruindo identidades e sonhos.
“Ao aprender a bordar, nossos integrantes não apenas produzem arte com as próprias mãos, mas assumem um papel ativo na preservação da cultura que é deles por direito”, afirma Valdson.
A proposta é expandir ainda mais essas ações em 2026, mantendo os cursos abertos à comunidade, incentivando o surgimento de novos artesãos da cultura popular e gerando oportunidades para todos.
Cultura como Renda, Orgulho e Futuro
Por meio da valorização da cultura local e afrodescendente, o Boi Encanto Serranense vem se destacando como exemplo de como o folclore pode ser ferramenta de inclusão social e desenvolvimento econômico. O grupo se apresentou em diversas cidades durante o São João, com agenda cheia, conquistando públicos e reafirmando sua missão.
“Queremos que cada integrante seja reconhecido como protagonista. A cultura também gera renda, autoestima e futuro”, completa Valdson Luz.
Em cada apresentação, o Boi Encanto emociona, educa e transforma. A homenagem a Serrano como “África Brasileira” não é apenas um tema de espetáculo, é um grito de afirmação, uma celebração da negritude, da resistência e da potência cultural de um povo que não aceita ser invisibilizado.
O sucesso é resultado de muito trabalho, paixão e resistência. O Boi Encanto Serranense não apenas dança, ele forma cidadãos, reconstrói histórias e planta sementes de futuro em solo maranhense.
Boi Encanto Serranense emociona público com o tema “Serrano, África Brasileira”
Além de preservar a identidade cultural e promover a formação de novos talentos, o Boi Encanto Serranense também se destaca como agente impulsionador da economia local. Através das oficinas de bordado, costura, música e dança, o projeto não apenas transmite saberes tradicionais, mas também capacita moradores, abrindo novas possibilidades de trabalho e geração de renda para jovens e adultos da comunidade.
Cada apresentação do grupo movimenta diretamente a economia criativa do município e da região. Costureiras, artesãos, músicos, cenógrafos, vendedores ambulantes e pequenos comerciantes são beneficiados com o aumento da demanda gerado pelos eventos culturais, especialmente durante o período junino. O público visitante, atraído pelo espetáculo e pela riqueza das manifestações populares, aquece o comércio e amplia a visibilidade de Serrano como destino turístico-cultural.
Assim, o Boi Encanto Serranense se afirma como muito mais que uma expressão folclórica. É um projeto que une arte, educação, empreendedorismo e valorização das raízes afro-brasileiras, promovendo inclusão social, autoestima e desenvolvimento sustentável. Com cultura e identidade, também se constrói um futuro mais justo e próspero para toda a região.
