Faleceu hoje, aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, conhecido mundialmente como papa Francisco, o primeiro pontífice proveniente da América Latina. O Vaticano confirmou a notícia, e, seguindo a tradição, as cerimônias fúnebres serão realizadas na Basílica de São Pedro, onde seu corpo ficará disponível para que os fiéis possam prestar suas últimas homenagens e orações. O rito fúnebre culminará com uma missa na Praça de São Pedro.

Em abril de 2024, o pontífice já havia anunciado que tudo estava preparado para sua sepultura, solicitando uma simplificação nos ritos fúnebres. Diferentemente dos papas anteriores, cujo corpo era exposto sobre um catafalco, Francisco pediu que seu corpo fosse apresentado dentro do caixão e que seu enterro fosse na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, ao invés da tradicional sepultura na Basílica de São Pedro, local de descanso dos seus 91 predecessores.


Sua saúde vinha sofrendo com o passar dos anos, tendo sido vista como fragilizada a partir de 2022, quando apareceu em público pela primeira vez em cadeira de rodas devido a dores no joelho. Problemas respiratórios e bronquite também comprometeram sua plena recuperação, levando a internações e à cirurgia complexa realizada recentemente no Vaticano. A trajetória de saúde delicada culminou com seu falecimento, que emociona o mundo católico.

Nascido em Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936, Bergoglio marcou a história como o primeiro papa sul-americano, também o primeiro jesuíta a assumir essa posição. Formado em química, filosofia e teologia, teve longa carreira acadêmica e pastoral antes de ser ordenado sacerdote, posteriormente bispo, arcebispo e cardeal. Foi eleito papa em 14 de março de 2013, aos 76 anos, sucedendo Bento 16 após sua renúncia.

Ao assumir o pontificado, Jorge Mario escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, refletindo seu compromisso com os pobres e seu desejo de uma Igreja mais simples e humilde. Logo em seu discurso inaugural, ele se destacou pela humildade, vestindo uma batina sem ornamentos e electro emocionando os fiéis ao destacar a sua origem “quase do fim do mundo”.

Francisco buscou revolucionar a Igreja com propostas que aproximassem a instituição dos fiéis e do mundo contemporâneo. Ele optou por residir em um modesto quarto na Casa Santa Marta, evitando o Ostentação do Palácio Apostólico, e enfatizou a necessidade de a Igreja ir às periferias existenciais, não apenas geográficas. Durante seu pontificado, cultivou a abertura ao diálogo com diferentes culturas, expandiu o papel dos leigos na Igreja e tentou modernizar a estrutura da Cúria Romana.
Ao longo de seu papado, enfrentou desafios significativos, inclusive resistência de setores mais conservadores da Igreja, devido a suas críticas ao sistema capitalista e as reformas controversas dentro do Vaticano. Entre seus avanços, destacou-se a inclusão progressista, como permitir que mulheres participem votando em sínodos e sua postura acolhedora em temas como os direitos de pessoas transexuais e a bênção a uniões homoafetivas, mesmo rejeitando o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Durante a pandemia de covid-19, Francisco tornou-se símbolo de esperança para o mundo, com sua imagem solitária na Praça de São Pedro emocionando milhões. Em sua encíclica Fratelli Tutti, convidou todos a fortalecerem a fraternidade e o compromisso social global, enfatizando a importância da amizade social e da solidariedade humana em tempos difíceis.

O legado de papa Francisco será lembrado por sua dedicação aos humildes, sua busca por uma Igreja mais aberta, simples e próxima dos que sofrem, e sua coragem em promover transformações profundas numa das instituições mais tradicionais do mundo. O mundo católico já se prepara para o conclave que escolherá seu sucessor, com a memória viva de um pontífice que redefiniu o rosto da Igreja no século XXI.





