A nova eleição interna deverá ser marcada nas próximas semanas, com forte observação das lideranças nacionais do partido.
São Luís (MA), – Uma decisão judicial abala os bastidores do Partido dos Trabalhadores no Maranhão. O juiz Márcio Castro Brandão, da 3ª Vara Cível de São Luís, anulou a reeleição de Francimar Melo à presidência estadual do PT e determinou a realização de um segundo turno com os demais candidatos mais votados.

A medida judicial foi motivada por uma Ação Anulatória de Decisão Partidária movida por Genilson Alves, Raimundo Monteiro e Francisco Rogério Sousa, ex-concorrentes de Francimar no pleito interno do partido. Segundo os autores, a eleição, que deu vitória a Francimar com 58% dos votos, estaria comprometida por irregularidades formais e éticas, incluindo a omissão de informações sobre seu vínculo com cargo comissionado no governo estadual e o não pagamento de contribuições partidárias.
“Defiro em parte a tutela provisória para, no prazo de 72 horas, suspender a decisão que reverteu a inelegibilidade de Francimar Monteiro de Melo e determinar que se realize segundo turno das eleições”, determinou o magistrado.
Impactos imediatos da decisão
Francimar está impedido de tomar posse como presidente estadual do PT.
O vice-presidente do partido assume interinamente a direção estadual.
A multa por descumprimento da ordem judicial é de R$ 5 mil por dia, limitada a 20 dias.
O partido tem 15 dias úteis para apresentar defesa formal.
A decisão provoca repercussão nacional, já que a Executiva Nacional do PT havia anteriormente validado a eleição de Francimar, criando agora um impasse jurídico-político que poderá ser levado às instâncias superiores do partido e da Justiça.
ENTENDA
A disputa pelo comando do PT/MA se tornou uma arena simbólica de poder no grupo do ministro Flávio Dino e do secretário Felipe Camarão. Francimar representa um segmento mais ligado à estrutura tradicional do partido, enquanto seus opositores, como Raimundo Monteiro e Genilson Alves, defendem maior alinhamento com movimentos sociais e com a base sindical.
A nova eleição interna deverá ser marcada nas próximas semanas, com forte observação das lideranças nacionais do partido. Francimar, segundo aliados, pretende recorrer da decisão.
A disputa no PT do Maranhão reflete a complexidade interna da legenda, que vive um momento de reestruturação após os avanços eleitorais da esquerda no estado. A decisão judicial reforça a necessidade de transparência nas práticas partidárias e de respeito às normas estatutárias.
Em um ano pré-eleitoral, o episódio pode influenciar alianças estratégicas e o desenho das chapas para 2026. O PT, que busca manter protagonismo em um campo já ocupado por PSB, PCdoB e PV, terá que reconstruir pontes internas e legitimar seu novo comando com lisura.






