O prefeito de Turilândia, Paulo Curió (União Brasil), se entregou à polícia em São Luís, na manhã desta quarta-feira (24), após ficar dois dias foragido. Segundo o Ministério Público do Maranhão, ao todo, 20 vereadores e 1 ex-vereador são investigados por integrar um esquema de desvio de recursos públicos, mas nem todos tiveram mandados de prisão expedidos.
Além do prefeito, outros investigados também se apresentaram à polícia, incluindo a primeira-dama do município, Eva Curió, a ex-vice-prefeita Janaina Lima e seu marido, Marlon Serrão, assim como o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros. Com isso, todos os mandados de prisão em aberto foram cumpridos. Segundo o Ministério Público do Maranhão, os envolvidos fazem parte de uma organização criminosa responsável por desviar recursos públicos do município.
A Operação Tântalo II, deflagrada na última segunda-feira (22), investiga o desvio de mais R$ 56 milhões, envolvendo empresas criadas de maneira fictícia pelo prefeito e seus aliados, incluindo os 11 vereadores de Turilândia, a atual vice-prefeita, a ex-vice-prefeita, servidores públicos, empresários e outros agentes políticos.

Na Câmara, todos os vereadores estavam envolvidos no esquema, recebendo dinheiro desviado diretamente ou através de parentes, afirmou o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Fernando Berniz.
Tânia Mendes, a vice-prefeita, e todos os 11 vereadores de Turilândia estão envolvidos em desvios de dinheiro público, segundo o MP-MA — Foto: Divulgação/Câmara de Turilândia
Após a prisão, Paulo Curió e a vice, Tânia Mendes, serão encaminhados para a Unidade Prisional de Ressocialização de Pedrinhas, em São Luís, para cumprir prisão preventiva. Os 11 vereadores tiveram a prisão preventiva transformada em domiciliar ou uso de tornozeleira eletrônica.
A Justiça decidiu transformar as prisões dos vereadores em domiciliar ou tornozeleira para não interromper as atividades em Turilândia, já que, agora, o presidente da Câmara terá que assumir o cargo de prefeito, explicou o promotor Fernando.
Crimes cometidos

Vice-prefeita e vereadores são presos em operação do MP no Maranhão
Ao todo, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de prisão em São Luís, Paço do Lumiar, Santa Helena, Pinheiro, Barreirinhas, Governador Nunes Freire, Vitória do Mearim, Pedro do Rosário, São José de Ribamar e Presidente Sarney. A ação é um desdobramento da Operação Tântalo, realizada pelo GAECO em fevereiro deste ano.
O procedimento investigativo instaurado no GAECO aponta indícios de crimes de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, ocorridos durante a gestão do prefeito Paulo Curió, entre 2021 e 2025.
O g1 entrou em contato com os acusados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, a organização criminosa era liderada pelo prefeito Paulo Curió, com o apoio da vice-prefeita Tânia Mendes e da ex-vice-prefeita Janaína Lima. O esquema foi montado através de contratos fraudulentos com empresas de fachada.
- Posto Turi
- SP Freitas Júnior Ltda
- Luminer Serviços Ltda
- MR Costa Ltda
- AB Ferreira Ltda
- Climatech Refrigeração e Serviços Ltda
- JEC Empreendimentos
- Potencial Empreendimentos e Cia Ltda
- WJ Barros Consultoria Contábil
- Agromais Pecuária e Piscicultura Ltda
As empresas foram utilizadas como “laranjas” para desviar dinheiro dos cofres públicos. O prefeito Curió e diversos vereadores da cidade se beneficiaram do esquema, recebendo dinheiro em contas pessoais ou através de familiares.
Quem são os alvos?
A ex-vice-prefeita Janaína Lima e seu marido, Marlon Zerrão, que é tio da atual vice-prefeita, Tânia Mendes, tiveram um papel central no desvio de recursos. O Posto Turi, de propriedade de Marlon Zerrão, recebeu R$ 17.215.000,00 dos cofres públicos de Turilândia, segundo o MP-MA.
Janaína e Marlon firmaram um acordo com o prefeito Paulo Curió para reter 10% dos valores dos contratos do Posto Turi. Esse valor era destinado ao pagamento da faculdade de medicina de Janaína Lima, enquanto os 90% restantes eram entregues ao prefeito ou a quem ele indicasse.
Além disso, o Posto Turi foi utilizado para emitir notas fiscais falsas, com o intuito de fraudar o pagamento de contratos públicos.
Conforme a investigação, a atual vice-prefeita, Tânia Mendes, e seu marido, Ilan Alfredo Mendes, estão sendo investigados por receber valores de empresas contratadas pelo município, inclusive valores relacionados à venda de notas fiscais falsas.
Segundo a investigação, Tânia manteve uma forte ligação com seu tio, Marlon Zerrão, o que a levou a entrar na chapa eleitoral com o objetivo de preservar essa influência.





