A Beija-Flor a grande campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2018, mesmo com um resultado super disputado até o fim da apuração.
A Beija-Flor fez um paralelo entre o romance “Frankenstein” e as mazelas sociais brasileiras. Corrupção, desigualdade, violência e intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva formaram o cenário de “Brasil monstruoso”.
Comandado por Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os pariu)” foi cantado em coro pelo público da Sapucaí, que ao final do desfile ocupou a avenida, seguindo a escola.
ULTRAGAZ CURURUPU
As cantoras Pabllo Vittar e Jojo Todynho foram destaque do carro “O abandono”, representando a luta contra a intolerância de gênero e a intolerância racial, respectivamente.
A Beija-Flor tem agora 14 títulos no Grupo Especial do Rio – só fica atrás da Portela e da Mangueira no total de vitórias.,
Desfile das campeãs
Voltarão com a Beija-Flor ao sambódromo para o desfile das campeãs, no próximo sábado (17), as escolas Paraíso de Tuiuti, Salgueiro, Portela, Mangueira e Mocidade Independente de Padre Miguel.
Assim como a escola de Nilópolis, que levou sua crítica social para a avenida, a Paraíso de Tuiuti, que ficou com o segundo lugar, contou a história da escravidão no Brasil e condenou a reforma trabalhista aprovada recentemente. O destaque da Tuiuti ficou no último carro da escola, que levou um vampiro com uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.
A Mangueira não ficou atrás no quesito protesto, com um samba-enredo que ironizou a decisão da Prefeitura do Rio de cortar os recursos destinados às escolas. Um dos carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas. Contribuição G1.
Samba Enredo 2018 – da Escola de Samba Beija Flor.
Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu) G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ) Sou eu Espelho da lendária criatura Um monstro Carente de amor e de ternura O alvo na mira do desprezo e da segregação Do pai que renegou a criação Refém da intolerância dessa gente Retalhos do meu próprio criador Julgado pela força da ambição Sigo carregando a minha cruz A procura de uma luz, a salvação!
Estenda a mão meu senhor Pois não entendo tua fé Se ofereces com amor Me alimento de axé Me chamas tanto de irmão E me abandonas ao léu Troca um pedaço de pão Por um pedaço de céu
Ganância veste terno e gravata Onde a esperança sucumbiu Vejo a liberdade aprisionada Teu livro eu não sei ler, brasil! Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola Meu canto é resistência No ecoar de um tambor Vêm ver brilhar Mais um menino que você abandonou
Oh pátria amada, por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais! Você que não soube cuidar Você que negou o amor Vem aprender na beija-flor