A emblemática fumaça branca que emerge da Capela Sistina durante um conclave simboliza a eleição de um novo papa, sendo um momento de grande expectativa para a comunidade católica.
Em agosto do ano de 1978, esse processo quase culminou na ascensão de um brasileiro ao trono papal. Dom Aloísio Lorscheider, que na época exercia a função de cardeal em Fortaleza, chegou a obter votos suficientes para ser escolhido, mas decidiu recusar a nomeação, criando um dos episódios mais impressionantes da história da Igreja.


No mês de agosto de 1978, a Igreja Católica se encontrava em um período de transição crucial.
A repentina morte do papa João Paulo I, apenas 33 dias após sua eleição, abriu um espaço para a escolha de um novo líder.
Durante o conclave que se seguiu, dom Aloísio Lorscheider, arcebispo de Fortaleza e uma figura respeitada na Igreja, obteve 2/3 dos votos necessários para se tornar o sucessor de São Pedro.
Contudo, ao ser questionado sobre como se sentia a respeito da aceitação do cargo, dom Aloísio optou por recusar, alegando questões de saúde.
O cardeal, que já havia passado por oito operações de ponte de safena, expressou a preocupação de não conseguir atender às exigências físicas e emocionais do cargo de papa.
De acordo com o relato do jornalista americano Tad Szulc em sua obra “Papa João Paulo II – A Biografia”, o conclave se deparou com um impasse, e Lorscheider teve que intervir mobilizando votos de colegas tanto da América Latina quanto da África para o candidato Karol Wojtyla, que acabaria por se tornar João Paulo II.
Este papa se destacou como um dos mais influentes da história moderna, governando a Igreja por impressionantes 26 anos.
Brasil quase elegeu um papa em 1978: a história de dom Aloísio Lorscheider
Um conclave histórico e quase brasileiro
Curiosamente, o nome de dom Aloísio ganhou repercussão internacional e chegou a ser citado no filme “O Poderoso Chefão: Parte III”, numa cena que retrata o conclave.
Quem foi dom Aloísio Lorscheider?

Nascido em 1924 no Rio Grande do Sul, dom Aloísio Lorscheider ingressou na Ordem Franciscana e foi nomeado cardeal pelo papa Paulo VI em 1976, aos 52 anos. Presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e participou ativamente dos conclaves que elegeram João Paulo I e João Paulo II.
Em 1994, ganhou destaque novamente ao ser feito refém durante uma rebelião no Instituto Penal Paulo Sarasate, no Ceará. Acompanhava uma comitiva que denunciava maus-tratos quando foi sequestrado com outras 11 pessoas. Os criminosos foram localizados dias depois, resultando em confronto com a polícia.
No ano seguinte, fragilizado física e emocionalmente, solicitou sua transferência para uma diocese menor e assumiu a Arquidiocese de Aparecida. Renunciou oficialmente em 2004 e faleceu em 2007, vítima de complicações cardíacas.
O conclave de 2025: Brasil novamente no centro das atenções
Com a morte do papa Francisco, um novo conclave será realizado neste ano. Sete cardeais brasileiros já estão em Roma, onde participaram também do funeral do pontífice argentino. Eles têm poder de voto e também podem ser votados, reacendendo a esperança — embora remota — de um papa brasileiro.
Os cardeais brasileiros presentes no conclave:
Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília
Dom João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília
Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo
Dom Jaime Spengler, de Porto Alegre, presidente da CNBB
Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador
Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro
Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus
Destes, apenas dom Odilo Scherer participou do conclave que elegeu o papa Francisco em 2013. Os demais estrearam nesta missão solene.
Com 135 cardeais eleitores no total — todos com menos de 80 anos, o Brasil é o terceiro país com maior número de participantes, atrás apenas da Itália e dos Estados Unidos.
Após expectativa da fumaça branca
A tradicional fumaça branca que emerge da Capela Sistina continuará sendo um símbolo de esperança para os fiéis em todo o mundo. E quem sabe, desta vez, foi anunciada a eleição do primeiro papa estadunidense da história.
Habemus Papam: Robert Francis Prevost é eleito Papa Leão XIV, o primeiro pontífice norte-americano da história
Em um momento histórico para a Igreja Católica, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito como o 267º sucessor de São Pedro, adotando o nome de Papa Leão XIV. A eleição ocorreu no dia 8 de maio de 2025, após dois dias de conclave e quatro votações, sendo anunciada ao mundo com a tradicional fumaça branca às 18h07 (horário local) na Praça de São Pedro, no Vaticano .
Quem é Leão XIV
Nascido em Chicago, Prevost é o primeiro papa dos Estados Unidos e também possui cidadania peruana. Membro da Ordem de Santo Agostinho, ele tem uma longa trajetória missionária na América Latina, especialmente no Peru, onde atuou como bispo de Chiclayo. Antes de sua eleição, servia como prefeito do Dicastério para os Bispos, cargo que assumiu em 2023 .
Um nome com significado
Ao escolher o nome Leão XIV, o novo pontífice faz referência a Leão XIII, conhecido por sua encíclica “Rerum Novarum”, que abordou questões sociais durante a Revolução Industrial. Essa escolha sinaliza a intenção de Leão XIV de focar em temas como justiça social, dignidade humana e os desafios trazidos pela inteligência artificial e a nova revolução digital .
Prioridades do pontificado
Em seu primeiro discurso, Leão XIV destacou a defesa da dignidade humana e do trabalho como prioridades de seu pontificado. Ele enfatizou a necessidade de a Igreja responder aos desafios contemporâneos, incluindo as transformações econômicas e sociais impulsionadas pela tecnologia .
Reações e expectativas
A eleição de Leão XIV foi recebida com surpresa por muitos, já que ele não figurava entre os principais favoritos. No entanto, sua escolha foi vista como um sinal de continuidade moderada com o pontificado de Francisco, mantendo o foco em reformas e na aproximação da Igreja com o mundo contemporâneo .
Analistas destacam que Leão XIV enfrentará desafios significativos, incluindo questões econômicas no Vaticano, como o déficit crescente e a necessidade de reformas no sistema de pensões .
A comunidade internacional e os fiéis aguardam com expectativa os próximos passos do novo papa, que já demonstrou disposição para enfrentar os desafios do século XXI com coragem e fé.