O governo do Maranhão já desembolsou mais de R$ 23 milhões para uma empresa relacionada a um deputado bolsonarista, que desempenha um papel estratégico no apoio à administração de Carlos Brandão (PSB). De acordo com o contrato vigente, estima-se que a empresa receba adicionalmente aproximadamente R$ 16 milhões, sem contar uma possível prorrogação do acordo.
A entrada do PL, partido de Jair Bolsonaro, na gestão Brandão, que integra a base aliada ao governo Lula, foi concretizada em janeiro deste ano. Com isso, houve a concessão de secretarias ao partido, embora o apoio nas votações já estivesse ativo desde a primeira metade de 2023, quando Brandão assumiu o cargo após um período de interinidade após a saída de Flávio Dino, seu antecessor.
O PL e o PSB formaram, junto a outros partidos, a coalizão parlamentar “Juntos pelo Maranhão”. Em 2024, essa união se refletiu também nas eleições municipais, quando o governador apoiou candidatos do PL em cidades do interior. Contudo, essa aliança fez com que Jair Bolsonaro expressasse seu descontentamento, mesmo que a autonomia do diretório local tenha sido defendida por Valdemar Costa Neto.

O diretório estadual do PL é liderado pelo deputado federal Josimar Maranhãozinho, enquanto o PL Mulher era dirigido, até novembro do ano passado, por sua esposa, a deputada federal Detinha.
Em julho de 2023, o governo do Maranhão contratou a JB Construções Ltda, uma empresa de um dos principais aliados de Josimar. Essa empresa, registrada em nome do pai do deputado estadual João Batista Segundo (PL), era anteriormente gerida por ele antes de assumir o cargo.
Josimar Maranhãozinho e João Batista Segundo foram alvos da Operação Maranhão Nostrum, realizada pelo Gaeco do Ministério Público do Maranhão, que foi iniciada em outubro de 2021. Durante essa operação, João Batista Segundo foi preso em flagrante por posse ilegal de armas, e a JB Construções passou a ser investigada. Inicialmente, a ordem judicial que autorizou a operação previa também a suspensão das atividades da empresa.
Conforme o relatório do MP, Josimar liderava uma organização criminosa que atuou entre 2014 e 2018 em seis municípios do interior. O MP identificou João Batista Segundo como um dos membros do “núcleo empresarial” dessa organização criminosa, que movimentou mais de R$ 159,7 milhões durante esse período. Uma das empresas que funcionou como intermediária no suspeito esquema, de acordo com o MP, foi a JB Construções, então sob a gestão de João Batista Segundo.
O MP ainda alegou que a JB Construções, após ser contratada pela prefeitura de Maranhãozinho, recebeu valores significativos sem uma justificativa clara, transacionando com indivíduos ligados a Josimar Cunha, os quais poderiam ser considerados “laranjas” da organização criminosa, além de empresas investigadas que também têm conexões com o parlamentar.





