Durante as buscas, os agentes também verificaram que os pneus da caminhonete eram usados para esconder materiais ilícitos.
O prefeito de Centro Novo do Maranhão (MA), Joedson Almeida dos Santos, conhecido como “Júnior Garimpeiro” (PSDB), foi preso em flagrante nessa quarta-feira (12) no município de Confresa (MT), a cerca de 1.160 km de Cuiabá, sob suspeita de extração ilegal de ouro em área indígena.
Além do prefeito, outros três suspeitos dois homens, de 21 e 23 anos, e uma mulher, de 21 também foram detidos durante a ação. A identidade dos demais envolvidos não foi divulgada pela Polícia Militar de Mato Grosso.

Prisão e investigação
De acordo com o boletim de ocorrência, o grupo foi abordado por volta das 16h30 na rodovia MT-430, durante uma fiscalização da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT).
Os ocupantes do veículo apresentaram versões contraditórias sobre a viagem. Um dos homens afirmou que o grupo vinha de uma região de garimpo em Paranaíta (MT), a 849 km da capital. No carro, os policiais encontraram sacos e pacotes contendo minério e resquícios de ouro.
Durante as buscas, os agentes também verificaram que os pneus da caminhonete eram usados para esconder materiais ilícitos.
Entre o material apreendido estavam:
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Cinco peças de ouro puro, pesando cerca de 10 gramas;
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Lonas plásticas e GPS de alta precisão;
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Notas fiscais de combustível;
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Uma apostila e uma agenda com anotações e termos em idioma indígena.
O material foi encaminhado à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e será analisado em Cuiabá. O caso segue sob investigação da Delegacia de Polícia Civil de Confresa.
A prisão levantou suspeitas de exploração mineral em território indígena, já que um dos presos afirmou ser indígena e declarou que o grupo atuava em uma área de garimpo. A Polícia Civil investiga se a extração ocorria dentro de terras protegidas pela União.
Caso se confirme a atuação dentro de território indígena, os envolvidos podem responder por crime ambiental, usurpação de bens da União e extração ilegal de recursos minerais.
Segundo a Polícia Militar, o prefeito Júnior Garimpeiro já possui passagens anteriores por crimes de usurpação de bens da União e extração irregular de minérios.
O g1 informou que tentou contato com a Prefeitura de Centro Novo do Maranhão, mas não obteve retorno até a última atualização.
Os suspeitos permanecem à disposição da Justiça em Confresa, e o material apreendido segue em perícia especializada.
A Polícia Federal e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também deverão ser acionadas para acompanhar as investigações.
Histórico e patrimônio
Natural de Carutapera (MA), Júnior Garimpeiro é casado, pai de duas filhas e possui ensino fundamental incompleto. Em sua declaração ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informou patrimônio de R$ 1,23 milhão, composto por:
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Um terreno de 100 hectares com casa (R$ 650 mil);
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Uma residência urbana (R$ 420 mil);
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Uma caminhonete (R$ 150 mil);
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Uma motocicleta (R$ 17,6 mil).
O político, que se descreve nas redes sociais como “apaixonado pela vida na natureza”, foi reeleito em 2024 pelo PSDB, após mandato conturbado por investigações e acusações de envolvimento com garimpo ilegal.
Antecedentes criminais
Em 2021, Júnior Garimpeiro já havia sido preso pela Polícia Federal durante a Operação Curimã, que desmantelou uma organização criminosa responsável por desmatar mais de 60 mil hectares de floresta para exploração ilegal de ouro em Centro Novo do Maranhão.
Segundo a PF, o grupo usava mercúrio e cianeto nos garimpos, contaminando rios como o Maracaçumé e provocando graves danos ambientais.
Entre os crimes investigados estão:
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Usurpação de bens da União;
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Mineração ilegal;
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Porte ilegal de armas;
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Associação criminosa.
As penas podem somar mais de 20 anos de prisão.
Situação atual
Os quatro suspeitos permanecem presos à disposição da Justiça em Confresa (MT). A Prefeitura de Centro Novo do Maranhão ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso
– Com informações do g1





