Prisão de “Velhão” completa quebra-cabeça sobre o assassinato do lendário navegador maranhense

O homem preso foi Antônio José Rabelo, vulgo “Velhão”, apontado pelas investigações como o executor do crime. Ele estava foragido, mas foi capturado durante a Operação Navigatore, que uniu esforços da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Cururupu, e da Polícia Militar, através do 25º Batalhão.
Prisões anteriores: o quebra-cabeça do crime

A prisão de “Velhão” encerra o ciclo de investigações sobre o assassinato do mestre da navegação. Nilcelene Paixão Mendes, conhecida como “Tijolinho”, e Edimael Ferreira Louzeiro, vulgo “Sargô”, já haviam sido presos anteriormente. Nilcelene é apontada como mandante do crime, e Sargô como partícipe.
Com os três suspeitos presos e à disposição da Justiça, a polícia acredita ter elucidado as motivações e circunstâncias do crime bárbaro que chocou o Maranhão.

Uma operação em homenagem ao legado de Silicrim
A operação foi coordenada pelo delegado Diego Duarte, titular da Delegacia de Cururupu, e pelo aspirante oficial Alex, do 25º BPM. Recebeu o nome de “Navigatore” (navegador, em italiano), em referência ao apelido carinhoso do mestre, conhecido como “O Navegador Solitário”.
“Essa é uma resposta à altura do legado deixado por Mestre Silicrim. Era inadmissível que esse crime ficasse impune”, afirmou uma autoridade policial envolvida na operação.
Quem foi Mestre Silicrim?
Benedito Raposo Teixeira, o Mestre Silicrim, era uma lenda viva da navegação artesanal no Maranhão. Reconhecido como o último navegador solitário da costa maranhense, viveu toda sua vida no mar, conduzindo embarcações artesanais sem motor, apenas com vela e bússola.
Silicrim ficou conhecido não apenas pela habilidade náutica, mas também por seu compromisso ambiental. Recolhia lixo das ilhas e praias por onde passava, contribuindo com práticas ecológicas décadas antes de se falar em sustentabilidade.
Um documentário premiado e homenagem de Amyr Klink
Sua vida inspirou o documentário “O Império de um Navegador”, dirigido por Edson Fogaça, no período de 2015 a 2016 o arquiteto e cineasta Edson Fogaça, foi finalista do Blue Ocean Film Festival, premiado no Festival de Cinema de Brasília e no Festival Guarnicê.
Na pré-estreia do filme, em dezembro de 2016, o navegador Amyr Klink – ícone da navegação solitária mundial – esteve em São Luís para homenagear Silicrim. Os dois chegaram a navegar juntos pela Baía de São Marcos, em uma travessia simbólica e histórica.
Uma vida de humildade e coragem
“Silicrim era um homem de serenidade e coragem indômita. Aos 82 anos, ainda navegava sozinho em um veleiro simples, construído por ele mesmo”, relatou Luiz Phelipe Andrès, amigo pessoal e diretor do Estaleiro Escola, que ajudou na recuperação de seu barco.
Leia: O LEGADO DE SILICRIM, O NAVEGADOR SOLITÁRIO






