Recentemente, o Brasil confirmou a ocorrência de dois focos de gripe aviária, sendo um deles localizado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em uma granja de produção de ovos férteis. Este se tornou o primeiro caso registrado em aves comerciais no país. O segundo foco foi identificado no Zoológico de Sapucaia do Sul, onde cerca de 90 aves aquáticas foram a óbito. Como precaução, o zoológico foi fechado ao público.
A gravidade do surto em Montenegro é evidenciada pelo fato de que mais de 15 mil aves morreram em um plantel de 17 mil, levando ao sacrifício das que restaram. Para gerenciar a situação, a produção de ovos das últimas quatro semanas está sendo monitorada e removida. O Ministério da Agricultura e Pecuária estabeleceu um estado de emergência zoossanitária de 60 dias, com restrições em um raio de 10 km da área afetada.
Desde 2023, a presença do vírus que causa a gripe aviária gerou inquietação no Brasil, quando foi detectado pela primeira vez em aves silvestres. A gripe aviária, também conhecida como influenza aviária, é uma infecção resultante do vírus influenza tipo A. Embora a doença afete principalmente as aves, raros casos em mamíferos e humanos também podem ocorrer. O subtipo H5N1, que é altamente patogênico, tem sido o principal causador das epidemias mais recentes. Países nas Américas, incluindo Argentina, Chile e Estados Unidos, têm relatado ocorrências constantes, e agora o Brasil se junta a esta lista.
Com alta capacidade de contágio entre aves, os surtos da gripe aviária podem causar mortalidade em massa, com taxas superiores a 60%, e chegando a 100% em casos mais severos, conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os sinais clínicos incluem tosse, secreção nasal, redução na produção de ovos, hemorragias e inchaço das articulações.
O Ministério da Saúde adverte que a circulação do vírus entre aves apresenta o risco de infecções humanas esporádicas, resultantes do contato com aves doentes ou ambientes contaminados. Contudo, especialistas apontam que as chances de infecções em humanos são extremamente reduzidas. Em entrevista ao Estadão, Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirmou: “A confirmação do vírus não indica um quadro fora de controle, ao contrário, demonstra que os sistemas de vigilância estão operando de maneira eficaz.”
Os sintomas iniciais da infecção em humanos apresentam semelhança com os da gripe comum, incluindo febre alta, tosse, náuseas, vômitos e diarreia. Em certos casos, os quadros podem evoluir rapidamente para dificuldades respiratórias e pneumonia grave. Sintomas adicionais podem incluir dores abdominais, sangramentos nas mucosas e fortes dores de cabeça. A taxa de letalidade da gripe aviária pode atingir até 50%, posicionando-a entre as mais letais entre os vírus conhecidos. Desde 2003, a OMS reportou 874 infecções humanas, resultando em 458 mortes, mas, até o momento, o Brasil não registrou infecções em humanos.
Diante dessas considerações, a resposta é sim: o consumo de ovos e frango é seguro, desde que bem cozidos, uma vez que o vírus da gripe aviária não resiste a temperaturas elevadas. A recomendação é evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, como ovos com gema mole, que é uma prática já indicada para prevenir outras doenças alimentares.
