Agora, ambos podem responder por furto qualificado, crime ambiental, danos ao patrimônio histórico e possível tráfico internacional de bens culturais.

Bacuri (MA) – A Polícia Civil do Maranhão, em cumprimento a mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Alistelman Mendes Dias Filho, apreendeu na última quarta-feira (6) dezenas de artefatos históricos e arqueológicos furtados de comunidades quilombolas da região de Bacuri. Os objetos estavam guardados em uma casa no bairro Murici, no povoado Portugal, e foram retirados de forma clandestina por Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier, integrantes da ONG Homme Nature, que se apresentavam como arqueólogos.
A operação foi resultado de Ação Cautelar do Ministério Público da Comarca de Bacuri, ajuizada pelo promotor Denys Lima Rego após denúncia do lavrador João dos Santos Oliveira, que relatou o furto de estruturas metálicas da propriedade de sua família, no povoado Mutaca, onde vivem descendentes há mais de 150 anos.

Denúncias revelam devastação e retirada irregular de peças
Além do povoado Mutaca, moradores da comunidade quilombola São Félix relataram ao MP escavações irregulares, perfurações de solo e retirada de diversos materiais, como vigas de ferro, bolas de ferro fundido semelhantes a munições de canhão, estruturas de madeira, pedras talhadas, fragmentos cerâmicos e amostras de solo.
A historiadora Klíssia Jéssica Fonseca Ferreira, da Coordenação de Igualdade Racial da Prefeitura de Bacuri, que atua no mapeamento histórico para certificação quilombola junto à Fundação Palmares, também foi fundamental ao reunir e encaminhar informações que reforçaram as denúncias.
Artefatos seriam levados ao exterior
De acordo com vizinhos da casa onde os objetos foram encontrados, a dupla já havia retirado parte das peças em um veículo no último sábado (2), antes da ação policial. Há suspeitas de que os materiais seriam enviados por François-Xavier Pelletier para fora do país, caracterizando um esquema de tráfico de bens culturais.
“Na residência havia objetos de grande valor histórico e cultural, como rodas de engenho e bolas de canhão, todos retirados de forma irregular. A apreensão é um passo importante para responsabilização e preservação do patrimônio das comunidades quilombolas”, destacou o promotor Denys Lima Rego.
Próximos passos e repercussão
O caso ganhou repercussão estadual e nacional, mobilizando lideranças quilombolas, instituições públicas e pesquisadores. Os objetos apreendidos serão encaminhados para local seguro e poderão servir de prova em futuras investigações, inclusive pela Polícia Federal, que deve apurar crimes de maior abrangência, como tráfico internacional de bens culturais.
“Estamos diante de um episódio grave, que atenta contra a história e a memória do povo negro. O Maranhão, o Brasil e até a comunidade internacional acompanham com atenção. Nosso compromisso é garantir que esse patrimônio permaneça protegido”, afirmou o promotor.
Magnólia e François atuavam na região há cerca de um ano, sempre equipados com detectores de metal, sob o pretexto de realizar pesquisas arqueológicas e criar um museu. Agora, ambos podem responder por furto qualificado, crime ambiental, danos ao patrimônio histórico e possível tráfico internacional de bens culturais.

A pedido do Ministério Público da Comarca de Bacuri, por meio de Ação Cautelar, o juiz Alistelman Mendes Dias Filho expediu mandado de busca e apreensão em uma casa localizada no bairro Murici, no povoado Portugal, onde estavam guardados clandestinamente vários artefatos, objetos e peças de interesse histórico retirados de áreas quilombolas pela dupla de supostos arqueólogos Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier, integrantes da ong Homme Nature.











